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Pejotização: Vantagens, Desvantagens e Riscos para Empresas e Trabalhadores

A pejotização ocorre quando uma empresa contrata um trabalhador como Pessoa Jurídica (PJ) em vez de estabelecer vínculo empregatício regido pela CLT. Nessa modalidade, o trabalhador cria ou utiliza uma empresa em seu nome para emitir notas fiscais referentes aos serviços prestados.


Principais Conceitos

Aspecto Vínculo CLT Contratação PJ
Natureza Relação de emprego Relação comercial
Encargos INSS, FGTS, férias, 13.º ISS, IRPJ/Simples, sem FGTS/Férias
Subordinação Presente Em tese, ausente
Riscos Do empregador Do prestador

Vantagens e Desvantagens

Para o Empregado (Pessoa Física que vira PJ)

Vantagens Desvantagens
Maior remuneração líquida (sem descontos de FGTS/INSS sobre toda base) Perda de direitos trabalhistas (férias, 13.º, FGTS, seguro‑desemprego)
Flexibilidade de horários e possibilidade de atender vários clientes Responsabilidade tributária e contábil da empresa própria
Planejamento tributário (Simples Nacional, lucro presumido) Insegurança jurídica: vínculo pode ser reconhecido pela Justiça do Trabalho

Para a Empresa

Vantagens Desvantagens
Redução de custos com encargos trabalhistas Risco de passivo trabalhista caso haja reconhecimento de vínculo
Agilidade na contratação e no desligamento Fiscalizações do Ministério do Trabalho e Receita Federal
Flexibilidade para contratar especialistas por projeto Imagem institucional pode ser afetada se prática for considerada fraude

Quando a Justiça Pode Reconhecer Vínculo?

Se estiverem presentes simultaneamente os requisitos do art. 3.º da CLT (pessoalidade, habitualidade, subordinação e onerosidade), a prestação de serviços será considerada relação de emprego, ainda que formalmente haja contrato PJ.


Exemplos Práticos

Caso Endrick

O jogador Endrick foi contratado por uma agência de marketing esportivo como PJ para gravar conteúdos semanais. Ele define horários e presta serviços para outras marcas. Vantagem: recebe valor bruto maior e administra sua agenda. Risco: se a agência passar a exigir exclusividade, controle rígido de horários e presença diária, poderá haver reconhecimento de vínculo.

Caso Neymar

Neymar presta consultoria de imagem para uma empresa de artigos esportivos. O contrato exige relatórios diários, cumprimento de metas e proíbe serviços para concorrentes. Após dois anos, a empresa rescinde sem pagar verbas rescisórias. Neymar ajuíza ação e a Justiça reconhece vínculo, pois havia subordinação e pessoalidade. Resultado: empresa paga férias, 13.º, FGTS e multa.

Caso Trump Corp.

A Trump Corp. terceiriza desenvolvedores de software via PJs para projetos curtos. Cada profissional trabalha remotamente, entregando módulos conforme cronograma acordado e sem supervisão direta. Os contratos são de três meses, renováveis. A estratégia reduz encargos e se mantém lícita, pois não há subordinação nem habitualidade permanente.


Boas Práticas para Reduzir Riscos

  1. Contratos bem redigidos e com prazo ou escopo definido.
  2. Ausência de subordinação direta: foco em resultados, não em horas.
  3. Liberdade para prestar serviços a terceiros.
  4. Pagamentos por nota fiscal vinculados a entregas de projeto.
  5. Revisão periódica com assessoria jurídica e contábil.

Conclusão

A pejotização pode trazer ganhos de eficiência e remuneração, mas envolve riscos significativos. Para empresas, é essencial estruturar a contratação corretamente para evitar condenações trabalhistas. Para trabalhadores, é preciso avaliar se a remuneração compensa a perda de direitos e a instabilidade.


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O Viana e Arantes Advocacia é referência em Direito do Trabalho e pode orientar empresas e profissionais na contratação adequada, reduzindo riscos e assegurando direitos.

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